Amílcar Cabral, nascido na Guiné-Bissau de pais cabo-verdianos, foi um grande questionador do seu tempo, nas circunstâncias coloniais em que viveu, e um grande líder que se bateu pela dignidade humana e a libertação dos povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde. A sua luta conduziu à Independência desses dois países em 1973 e 1975, repetivamente.
Enquanto Nação, temos razões mais que suficientes para respeitar e valorizar o homem, o agrónomo, o líder, o político revolucionário, o nacionalista, o pedagogo, o diplomata e o humanista que foi o fundador da nacionalidade cabo-verdiana e figura incontornável da nossa História, muito respeitado e estudado em todo o mundo.
A figura de Amílcar Cabral está na génese do partido que, em janeiro de 1981, se tornou em Cabo Verde no PAICV, pois foi este este político revolucionário, militante armado, que, a 19 de setembro de 1956, em Bissau, dirigiu a formação do PAIGC.
Por isso, no âmbito do início das celebrações do centenário do seu nascimento, que se perfaz no próximo ano, para assinalar essa efeméride, o PAICV começou com uma Conversa Aberta intitulada “Cabral para Além do seu Tempo”.
A Conversa Aberta que se realizou no passado dia 9 de setembro na Biblioteca Nacional pôde contar com uma plateia expressiva, participada e intergeracional, que refletiu sobre o pensamento e a ação política de Cabral, à luz dos imensos desafios que se colocam no presente. Para animar a Conversa Aberta, contamos com a contribuição relevante do jovem jurista, Yuri Pereira, do consagrado historiador e sociólogo, Antonio Correia e Silva, e com a moderação da também historiadora Dúnia Pereira, membro do Secretariado-Geral do PAICV.
Ficou clara a dimensão universal, africanista e humanista de Cabral, que ultrapassa o nacionalista e o patriota que também foi, mas também a sua dimensão de património dos povos da Guiné e Cabo Verde, na medida em que ultrapassa largamente espaços partidários ou disputas políticas.
Também ficou evidente que devemos sim, recuperar e aplicar as ideias e a atualidade do pensamento de libertadores como Cabral ao mundo contemporâneo, dando enfoque ao desenvolvimento humano da África, bem como aos interesses e às contribuições do nosso continente neste mundo globalizado.